A criação de filhos

A criação de filhos está em crise por todo o mundo. Se realmente quisermos saber como criar filhos, é imprescindível nos voltarmos a Deus, e não aos “especialistas” seculares. Não existe melhor tempo para começar do que agora mesmo.

Primeira parte:

Um lamento pelas famílias destruídas

De vez em quando me pego pensando no futuro de meus filhos: “O que acontecerá com eles depois que eu morrer? Existirá alguma igreja fiel a Deus nesse país daqui a cinquenta anos? Meus filhos vão pertencer a essa igreja ou estarão envolvidos — dói tanto só de pensar nisso! — no engano do prazer mundano, do amor ao dinheiro e do relativismo moral, que cada vez mais são aceitos nas igrejas de hoje? Minha descendência continuará fiel a Deus no meio da perseguição que poderá vir contra os cristãos?” Essas são as perguntas que circulam em minha mente quando penso na criação de meus filhos.

Um dia, pensando nesse assunto, percebi, com toda a clareza, uma realidade assustadora: pais frívolos não são capazes de criar filhos sérios e fiéis a Deus. A Bíblia diz que “tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gálatas 6:7). Se nós, como pais, desejamos colher uma descendência fiel a Deus, primeiro, nós mesmos temos de ser fiéis!

Ao meditar nessa realidade tão assustadora, inclinei a cabeça e orei: “Deus Pai, quero escrever sobre a criação de filhos. Mas sei que muitos pais vivem de modo egoísta. Como vão entender o que escrevo? Eu tenho medo, Pai, de, se eu escrever sobre a necessidade de castigar os filhos, algum pai egoísta interpretar mal o que escrevo e maltratar o filho.”

Ao continuar pensando nessa horrível possibilidade, veio-me à mente um quadro espantoso. Eu vi mentalmente milhares e milhares de crianças… crianças vagando pelas ruas sem qualquer propósito enquanto seus pais “cristãos” procuram com afinco o próximo prazer, a próxima festa… Tal espetáculo fez meus olhos se encherem de lágrimas. Voltei a clamar a Deus: “Pai, que oportunidade essas crianças têm? O Senhor não as vê, Pai santo? Seus pais estão mais preocupados em satisfazer os próprios apetites do que em garantir bem-estar espiritual aos filhos. Que oportunidade têm essas crianças, ó Deus?”

Ali mesmo comecei a imaginar como Jeremias reagiria hoje. Acredito que lamentaria a triste condição do povo de Deus. Então peguei a Bíblia, abri em Lamentações de Jeremias e comecei a ler:

Já se consumiram os meus olhos com lágrimas, turbadas estão as minhas entranhas, o meu fígado se derramou pela terra por causa do quebrantamento da filha do meu povo; pois desfalecem o menino e a criança de peito pelas ruas da cidade. Ao desfalecerem, como feridos, pelas ruas da cidade, ao exalarem as suas almas no regaço de suas mães, perguntam a elas: Onde está o trigo e o vinho? (…) Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura, e não manifestaram a tua 8 maldade, para impedirem o teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão. (…) Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro! Até os chacais abaixam o peito, dão de mamar aos seus filhos; mas a filha do meu povo tornou- -se cruel como os avestruzes no deserto. (…) Os que comiam comidas finas agora desfalecem nas ruas; os que se criaram em carmesim abraçam monturos. Porque maior é a iniquidade da filha do meu povo do que o pecado de Sodoma.
(Lamentações 2:11–12, 14; 4:2–3, 5–6)

A. Os pais são culpados

No tempo de Jeremias, os babilônios haviam levado cativo os israelitas, o povo de Deus, por causa do pecado que cometeram. Hoje, nossos filhos têm sido levados cativos pela Babilônia moderna, que inclui a igreja apóstata. E nós, pais, temos a culpa, porque somos nós que pecamos. Mas quem se dá conta disso? Parece que todos continuam buscando os próprios prazeres. Espero que nem todos, mas quem é a exceção? Em vez de buscar a direção de Deus, muitos oram a Deus por mais dinheiro, por um templo mais bonito, por uma escola mais moderna para as crianças, por uma campanha missionária melhor. O apóstolo Tiago fala francamente:

Pedis, e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Adúlteros e adúlteras, não sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?
(Tiago 4:3–4)

Reflita um pouco na comunidade onde você mora. Você conhece uma família em que todos sirvam a Deus desinteressadamente? Bem, graças a Deus, há um homem aqui, uma mulher ali; um rapaz lá, uma moça acolá. Mas uma família inteira? Onde? Dificilmente se encontra uma família inteira que assista aos cultos. Quase sempre o pai ou a mãe tem algum trabalho para fazer. Talvez o filho ou a filha tenha outros interesses. Onde estão os pais que protegerão os filhos dos enganos do mundo? Onde está a descendência que Deus procura com o objetivo de dela levantar um povo santo para si mesmo daqui a trinta anos?

Bem, não devemos nos desesperar diante dessas perguntas alarmantes. A verdade é que, se houve esperança no tempo de Jeremias, haverá também no nosso. Para o povo cativo daqueles dias, o profeta Jeremias disse:

As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não têm fim. (…) Ponha a sua boca no pó; talvez ainda haja esperança. Dê a sua face ao que o fere; farte-se de afronta. Pois o Senhor não rejeitará para sempre. Pois, ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das suas misericórdias. (…) Esquadrinhemos os nossos caminhos, e provemo-los, e voltemos para o Senhor. Levantemos os nossos corações com as mãos para Deus nos céus, dizendo: Nós transgredimos, e fomos rebeldes; por isso tu não perdoaste.
(Lamentações 3:22, 29–32, 40–42)

Estamos dispostos a “esquadrinhar nossos caminhos” como pais? Estamos realmente dispostos a “prová-los e a voltar ao Senhor”? Essa é a única esperança que resta para nossas famílias.

B. Três perversões que fazem nossos filhos se perderem

Vou mencionar três perversões de nossos caminhos, dos quais nós, como pais cristãos, temos de nos arrepender se desejamos criar filhos no caminho do Senhor:

  1. O egoísmo. Temos de nos arrepender do egoísmo. Fazemos tantas coisas pelo egoísmo que há no coração (desperdiçamos nosso tempo com os amigos e o gastamos mal em vícios e passatempos inúteis) em vez de nos dedicarmos a voltar o coração para nossos filhos. Jesus se oferece para tirar essa perversão egoísta de nós: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me” (Mateus 16:24).
  2. A cobiça. Eu fico admirado com a intrepidez com que muitos pais (e até pregadores) torcem as Escrituras Sagradas de tal forma que lhes permita cobiçar uma vida cômoda. Será que esquecemos que Jesus largou todas as suas riquezas para nos servir? Pais, se vamos seguir a Jesus, temos de nos arrepender de toda a cobiça! Se vivermos na cobiça, como poderemos guiar os filhos a Jesus, o qual negou a si mesmo? A Bíblia nos ordena: “Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes” (Hebreus 13:5).
  3. A indiferença. Pode-se notar que nas igrejas persiste uma indiferença esmagadora em assuntos como honestidade, pureza pessoal, amor pelos irmãos, disciplina na irmandade e, sem dúvida, a responsabilidade com os filhos. Nós temos de nos arrepender de nossa indiferença!

C. O que vamos fazer?

Você esquadrinhou seu coração e seus caminhos? Em vez de egoísmo, você encontrou um puro desejo de servir? Em vez de cobiça, encontrou contentamento? Em vez de indiferença, encontrou um desejo ardente de fazer a vontade de Deus? Se sim, graças ao Deus Altíssimo! Ainda há poucos “de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pedro 1:23).

Mas se não encontrarmos isso em nós mesmos, o que vamos fazer? Em primeiro lugar, temos de reconhecer que nosso egoísmo, nossa cobiça e nossa indiferença são pecados graves perante Deus. Esses pecados nos arrastarão para o inferno, e não apenas a nós mesmos, mas também a nossos filhos.

Em segundo lugar, temos de clamar a Deus para nos limpar e nos fazer renascer de sua semente incorruptível, pela “palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pedro 1:23).

Terceiro, temos de nos comprometer com Deus, com um coração sincero, e seguir o caminho que ele nos propõe no Novo Testamento. Só então teremos sucesso ao guiar os filhos a um Deus santo que exige que seu povo também seja santo.

Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam. (Salmo 127:1)

Todo aquele, pois, que escuta estas minhas palavras, e as pratica, assemelhá-lo-ei ao homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e não caiu, porque estava edificada sobre a rocha.
(Mateus 7:24–25)

Quando as bases deste mundo tremem,
e o mal corrompe nossa sociedade,
nossas orações a ti se elevam
pela família, pela humanidade.

Que nem dinheiro nem prazer se torne
no falso objetivo do moderno lar.
Procuremos servir e oferecer nossos dons
a um mundo cheio de necessidade.
~Federico Pagura

 

Segunda parte:

Podemos reedificar nossa família

A criação de filhos está em crise por todo o mundo. Muitos pais estão cedendo diante das demandas deles. Alguns pais confessam que têm tentado todos os métodos para criar os filhos, mas sem sucesso, pois nenhum método produziu o bom comportamento que queriam ver nos filhos. A verdade é que a maioria desses pais realmente não controla os filhos. Pelo contrário, até mesmo os filhos menores aprenderam a controlá-los.

Embora muitos pensem que sabem como resolver o problema, nem todos sabem como fazê-lo. Há estudiosos mundanos que fornecem milhares de conselhos sobre como os pais podem “incentivar o amor-próprio na criança, a fim de estimular um comportamento aceitável”. Alguns psicólogos “cristãos” tomam a Bíblia em uma mão e, na outra, o manual que foi produzido por esses estudiosos mundanos. No entanto, o conselho que esses psicólogos “cristãos” oferecem à igreja não funciona; os filhos criados de acordo com o conselho desses “especialistas” são uns malcriados, e todo mundo vê isso.

Alguns pais se lembram com ressentimento que seus próprios pais não lhes permitiram se divertirem, e é por isso que agora seguem o conselho dos “especialistas”, de não refrear os filhos. Outros se lembram com desdém dos abusos físicos que sofreram nas mãos dos pais, e é por isso que prometeram nunca punir os filhos com castigo corporal.

A verdade é que a maioria desses pais sonha em criar os filhos com amor, compaixão e ternura. Eles sonham em ter filhos educados, responsáveis e produtivos. Mas raramente conseguem criá-los assim. Os filhos nem prestam atenção a seus pedidos e até mesmo os desprezam. Em alguns casos, quando os pais negam algo, esses filhos explodem em birras incontroláveis. O que os pobres pais podem fazer? Eles estão prestes a enlouquecer! É nesse ponto, quando vez por outra o pai (ou a mãe) perde a paciência, que a questão termina com maltrato verbal ou físico.

Irmãos e amigos, há esperança! Podemos reedificar nossa família. Há um caminho melhor. E esse caminho começa com a conversão de nosso coração. A realidade é que, como pais, nossos esforços mais corajosos nunca poderão vencer o egoísmo, a ganância e a indiferença que estão em nosso coração natural. Deus nos capacitará a criar nossos filhos somente quando nos arrependermos e o buscarmos de todo coração.

Você está capacitado a criar seus filhos? Daqui a cem anos, sua família será mais uma de muitas que descem ao abismo escuro para esperar a “ressurreição da condenação”? (João 5:29). Ou sua família será uma daquelas que se unirão (e esta é a minha oração) à “grande multidão” na presença do Cordeiro no céu? (Apocalipse 7:9).

Se realmente quisermos saber como criar filhos, é imprescindível nos voltarmos a Deus. Repito: voltarmos a Deus, e não aos “especialistas” seculares. Tampouco devemos recorrer a psicólogos pseudocristãos em busca de ajuda para criar nossos filhos. Voltemo-nos a Deus para que ele nos instrua a criar filhos da maneira como lhe agrada!

Como podemos reedificar nossa família? Na Bíblia, Deus nos dá instruções de como criar filhos. Por favor, procure Efésios 6:4 em sua Bíblia. Esse versículo diz: “E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor”. O que significa provocar os filhos à ira? O que significa criá-los na “doutrina do Senhor”? Que significa criá-los na “admoestação do Senhor”? Neste texto, responderemos a essas três perguntas.

Mas, antes, quero explicar algo sobre o abuso infantil. Há muito disso na atualidade. E o mais triste é que também há muito abuso até entre os chamados “cristãos”.

E o que é abuso? Estejamos de acordo em algo muito essencial com relação ao assunto: se a Bíblia ensina algo sobre a criação de filhos, o que ela ensina é bom para os filhos e não é abuso, certo? Por outro lado, se alguma prática é contra o que a Bíblia ensina, é prejudicial para os filhos e constitui uma forma de abuso. De acordo?

Com isso, podemos começar nossa análise de Efésios 6:4. Esse versículo começa com a frase:

A. “Não provoqueis à ira a vossos filhos”

O que significa provocar à ira nossos filhos? Vamos citar três maneiras pelas quais isso pode ocorrer. E devemos evitá-las!

1. Nós os provocamos à ira quando brigamos com eles. Admoestar os filhos é bom. O próprio Deus nos manda fazer isso nessa passagem bíblica. Mas brigar com eles, colocando-nos no nível deles, é outra coisa.

Uma admoestação feita com amor oferece esperança para o admoestado. No entanto, brigar com um filho tira-lhe a satisfação dessa esperança. Isso ocorre quando dizemos algo assim: “Ai, Rafaela, como é que você deixou cair o copo de novo? Você nunca vai aprender a ser cuidadosa!”

Colossenses 3:21 diz: “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo”. Brigar com os filhos os desanima e é uma forma muito comum de abuso verbal.

2. Provocamos à ira nossos filhos quando os castigamos com raiva. Tiago 1:20 diz que “a ira do homem não opera a justiça de Deus”. Não pensemos que é possível ajudar nossos filhos a caminharem bem castigando-os com raiva. O castigo eficaz é aquele feito com amor. Nossos filhos vão perceber se os castigamos com amor ou se o fazemos com raiva! Castigar os filhos fisicamente com raiva os machuca. Isso faz com que a mente sensível deles forme conceitos errados sobre o castigo. Tal comportamento nosso fará com que eles se inclinem a reagir contra a disciplina amorosa de Deus quando forem adultos. Abusar dos filhos castigando-os com raiva faz com que sintam medo e pavimenta o caminho para serem pessoas inseguras.

3. Provocamos à ira nossos filhos quando os castigamos pela metade. Creio que esse é um dos erros mais comuns que cometem muitos pais que realmente amam os filhos e até querem criá-los na disciplina do Senhor. Alguns desses pais entram em casa, dão umas três palmadas no filho desobediente e saem de casa de novo, pensando terem já cumprido a responsabilidade de disciplinar o filho.

Mas o que acontece a seguir? A criança obedece por um momento, mas faz beicinho, demonstrando que rejeita o que acabou de experimentar. Ou pode ser que tenha um sorriso no rosto indicando: “Rá, rá, rá! Já, já eu vou me vingar, você vai ver. Assim que eu tiver oportunidade…”. E essa oportunidade aparecerá muito em breve.

Como é, então, o castigo que traz bons resultados e, ao mesmo tempo, não constitui um abuso? Como deve ser aplicada a verdadeira disciplina que envolve a “doutrina do Senhor”? O mandamento bíblico é:

B. “Criai-os na doutrina (…) do Senhor”

O que significa criar nossos filhos na doutrina, ou disciplina, do Senhor? A seguir, apresento três características dessa disciplina, tomando como exemplo o modo como nosso Pai celestial disciplina a nós, seus filhos. Imitemos essa disciplina ao criar nossos filhos!

1. A disciplina do Senhor é de amor e com amor. Hebreus 12:6 diz que “o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho”. Igualmente, Provérbios 13:24 diz: “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga”. Segundo esse versículo, não castigar os filhos é prejudicial e uma forma de abuso — eu a chamo de “abuso por omissão”.

Castigar os filhos com amor resgata-os de uma vida prejudicial e, no final, os resgatará do próprio inferno. Provérbios 23:13–14 diz:

Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás com a vara, e livrarás a sua alma do inferno.

2. A disciplina do Senhor é completa. Pensemos em como nosso Pai celestial nos disciplina. Ele não para de nos disciplinar enquanto a disciplina não tenha cumprido sua obra em nós. Tiago 1:2–4 explica bem:

Meus irmãos, tende grande alegria quando enfrentardes várias tentações; sabendo que a prova da vossa fé opera a paciência. Tenha, porém, a paciência a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, sem faltar em coisa alguma.

Você se lembra da história de Jó e como ele sofreu com paciência tantas provas que Deus permitiu que lhe viessem? Eu gosto muito de ler e meditar em seu testemunho em Jó 23:10: “Provando-me ele, sairei como o ouro”. Muitos pais param tanto o castigo quanto os outros aspectos da disciplina antes de terminar sua tarefa. Que pena! O castigo realizado de acordo com a “disciplina do Senhor” perdura até que a criança se arrependa de coração e se volte ao pai ou à mãe que a castiga. Quantas vezes abracei no meu colo o filho que se arrependeu do que havia feito! Quão preciosos são esses momentos!

3. A disciplina do Senhor traz bons resultados. Hebreus 12:10 diz que Deus nos disciplina “para sermos participantes da sua santidade”. Além disso, o versículo 11 diz que tal disciplina, no momento, parece ser causa de tristeza, “mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”. Provérbios 29:17 diz: “Castiga o teu filho, e te dará descanso; e dará delícias à tua alma”. E assim é! Muitas pessoas ficam surpresas quando percebem que minha esposa e eu temos oito filhos. “Como vocês aguentam?”, perguntam-me. A realidade é que tanto para minha esposa como para mim é um grande privilégio ter esse número de filhos. Além disso, graças a Deus, nossos filhos já começaram a nos dar descanso.

C. “Criai-os na (…) admoestação do Senhor”

O que significa criar filhos na admoestação do Senhor? A seguir, apresento quatro características em relação à “admoestação do Senhor”. Criemos nossos filhos com tal admoestação!

1. A admoestação do Senhor é pacífica. A palavra grega aqui traduzida “admoestação” inclui o sentido de “avisar ou censurar com brandura” (Dicionário Bíblico Strong, edição em inglês). Tiago 3:17 diz que a sabedoria que vem de Deus é “pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos”. Com isso, concorda o que há em Provérbios 29:17, que já citamos acima.

2. A admoestação do Senhor é firme. Uma admoestação pacífica não significa que ela seja fraca ou enferma. Como já vimos, admoestação significa o ato de avisar ou censurar. Isto é, a admoestação deve avisar (mas nunca ameaçar) a criança das consequências de seu comportamento. Em vez de gritar: “Desça daí, ou você vai apanhar!”, a admoestação do Senhor adverte com voz firme, mas amorosa: “Meu filho, eu pedi para você não subir na cadeira. O que você fez é desobediência, e a desobediência leva ao castigo”.

Deus sempre completa o que promete fazer. Por exemplo: ele prometeu aos filhos de Israel que traria sobre eles bênçãos se obedecessem, e maldições se não obedecessem. E ele o fez. Hoje, ele promete julgar todos no dia do julgamento de acordo com as obras de cada um. E assim ele o fará!

Da mesma forma, criar filhos na admoestação do Senhor significa cumprir o que prometemos fazer. Está certo dizer: “Filho, não suba nesta cadeira”. E, se ele não subir, você pode lhe dar um sorriso encorajador em reconhecimento à sua obediência. Mas se ele subir, o que fazer? Talvez repetir a mesma ordem cinco vezes? Não! A admoestação do Senhor é firme. E cumpre com todos os seus avisos.

3. A admoestação do Senhor precede seu castigo. Dou graças a Deus por ele não nos castigar antes de nos admoestar e avisar. Provérbios 13:15 diz que “o caminho dos prevaricadores é áspero”. Mas não devemos esquecer que a primeira frase desse mesmo versículo diz: “O bom entendimento favorece”. Isso quer dizer que, se entendemos a vontade de Deus, ele nos concede a oportunidade de fazê-la e assim caminhar pelo caminho das bênçãos em vez de experimentar o árduo caminho do castigo.

Da mesma forma devemos admoestar nossos filhos e dar-lhes a oportunidade de mudar seu comportamento. Isso é criar filhos na “admoestação do Senhor”. Se nós os castigarmos antes de lhes darmos a oportunidade de mudar de comportamento, é muito provável que esse castigo produza insegurança, medo e rebelião.

4. A admoestação do Senhor espera uma mudança de comportamento. Ela incentiva os filhos a mudarem de comportamento. Por quê? Porque esse tipo de admoestação conta com a mudança do comportamento e dá às crianças um sentimento de esperança. A admoestação do Senhor diz assim: “Raul, estou muito triste porque você me desobedeceu. Mas eu sei que isso vai mudar. Justamente por isso é que eu vou castigá-lo”. Tal esperança anima os filhos a mudar.

Estou criando meus filhos da forma que agrada a Deus?

Essa é a pergunta transcendental que todos nós, pais, devemos enfrentar e responder com toda sinceridade. Permita-me dar-lhe dois conselhos:

1. Se seus filhos são pequenos, comece agora mesmo! A Bíblia diz: “O que não faz uso da vara odeia seu filho, mas o que o ama, desde cedo o castiga”, e: “Castiga o teu filho enquanto há esperança” (Provérbios 13:24; 19:18). O tempo mais eficaz para começar a disciplinar e castigar os filhos é quando ainda são pequenos.

Há pouco li um livro escrito por um dos poucos “especialistas” que ainda estão a favor do castigo físico. Ele escreveu que se deve começar a castigar os filhos mais atrevidos entre 15 e 18 meses de idade. Meus parabéns a esse autor por ter a coragem de recomendar o castigo físico. Ao mesmo tempo, digo que, se eu tivesse esperado até os 15 meses de idade para castigar meus filhos menos atrevidos, que grande circo teria tido na minha casa! As ilustrações que esse “especialista” relata no livro a fim de reforçar seu ponto de vista revelam que ele está muito acostumado a tais circos. Que triste! Deus tem um caminho melhor.

De acordo com minha pouca experiência, atrevo-me a expressar que o tempo entre os 10 e os 20 meses é o melhor tempo para amoldar o caráter fundamental da criança e ensiná-la que precisa obedecer.

Agora, as crianças nessa idade não podem entender muitas explicações. Na verdade, elas não precisam entender muitas explicações para serem admoestadas com a admoestação do Senhor. Nesse período, você precisa ensiná-las a obedecer a apenas duas palavras: “Não” e “Vem”. Fazê-las obedecer a essas duas palavras cria uma boa base para toda a instrução que lhes será dada nos anos seguintes.

Mas é necessário apresentar aqui uma precaução. Os filhos pequenos são frágeis. Seria muito fácil para qualquer homem brusco entender mal o que estou tentando expressar aqui e causar dano físico ou psicológico ao filho. Só de pensar nisso, sou levado às lágrimas. Não maltrate seus filhos de nenhuma forma, por favor. O que você realmente precisa para ter sucesso ao criar filhos para Deus é:

  • um grande temor a Deus
  • muita humildade
  • um pouco de conselho de irmãos com experiência
  • um pouco de experiência própria
  • muito amor abnegado pelos filhos

Além disso, você precisa conseguir uma vara flexível que faça doer, mas sem ferir. É melhor não usar a mão para castigar os filhos: use uma vara. E é importante que o castigo seja feito nas nádegas, não nas pernas nem nas costas, e muito menos na cabeça (que horror!).

2. Se seus filhos já forem maiores, você deve se animar e fazer o melhor que puder. É verdade que se torna muito mais difícil começar a criar os filhos na disciplina do Senhor aos 5, 10 ou 15 anos. Mas nem tudo está perdido! Ainda há oportunidade. Muito mais trabalho e mais sofrimento (tanto para o filho como para os pais) são requeridos, e não será tão eficaz, mas vale todo o esforço, e trará bons resultados, eu lhe garanto.

Em todo caso, lembre-se de que não existe melhor tempo para começar do que agora mesmo. Deus é misericordioso. Se com todo o coração você o buscar nesse exato momento, ele o guiará na criação de seus filhos.

Que Deus o recompense com a bênção de acompanhar seus filhos ao descanso eterno!

* * * * *

No ponto B. “Criai-os na doutrina (…) do Senhor”
O autor se baseia no significado da palavra grega traduzida “doutrina” na versão Almeida Corrigida e Fiel, 2011 (ACF), a qual algumas versões traduzem como “disciplina”. Diz respeito à educação infantil e de adultos, incluindo tanto a instrução para crescimento em virtude como a correção de falhas (Dicionário Bíblico Strong). A mesma palavra é traduzida como “correção” e “disciplina” em Hebreus 12:5–11, na ACF. (N. do ed.)

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