A igreja, uma teocracia

“Teo” significa: Deus; “cracia” significa: governa. Numa teocracia, é Deus que governa. Então a igreja, uma teocracia, significa que Deus é quem manda e dirige nela. Analisemos de que maneira Deus quer governar seu povo e como este pode se enlaçar tão facilmente com os sistemas humanos.

Te-o-cra-ci-a... o que significa esta palavra? “Teocracia” é uma palavra de origem grega.

Teo” significa: Deus; “cracia” significa: governa. Numa teocracia, é Deus que governa. Então a igreja, uma teocracia, significa que Deus é quem manda e dirige nela.

A teocracia é um plano muito simples e único. Primeiro, Deus governa seu povo quando se comunica com cada crente pessoalmente. Segundo, Deus governa seu povo mediante uma liderança que ele mesmo escolhe e organiza. Desta maneira, o povo de Deus fica sob a responsabilidade direta do Senhor e também dos líderes que ele mesmo estabeleceu. Portanto, estes últimos são responsáveis perante Deus pela maneira em que guiam seu povo.

Sempre há uma forte tendência de usar os mesmos métodos que o mundo usa para governar o povo de Deus. Porém, isto só traz complicações, fazendo com que as igrejas funcionem como uma grande empresa dirigida por uma organização complexa de liderança: presidentes, diretoria, comitês, etc. Outras igrejas, devido à existência de tantas organizações estéreis, tornam-se independentes, livrando-se de qualquer estrutura religiosa. Mas estas organizações representam a vontade de Deus? Podem ser consideradas uma “teocracia”?

Analisemos, por meio da Bíblia, de que maneira Deus quer governar seu povo e como este pode se enlaçar tão facilmente com os sistemas humanos.

A teocracia no Antigo Testamento.

Antes de o povo de Israel entrar na terra de Canaã, Moisés fez uma revisão com eles de todo o plano de Deus para seu povo (Deuteronômio 1:1-3). Deus lhes dera os mandamentos, falando-lhes face a face (Deuteronômio 5:2-4). Muitas vezes, em Deuteronômio, Moisés refere-se a Deus como “o SENHOR vosso Deus”. Só a ele deveriam servir. Deus guardava zelosamente o direito de ser o Rei de Israel.

Depois, segundo Deuteronômio 16:18, Moisés lhes explica como deveriam estabelecer líderes sobre o povo. Em cada cidade, haveria juízes e oficiais que, posteriormente, chamariam de anciãos. Estes ficariam às portas das cidades para governar o povo segundo as leis de Deus. Deus também escolheu a tribo dos levitas para ser seus sacerdotes, cuja função era guiar o povo em toda a lei de Deus. Ele mesmo falaria através deles (Deuteronômio 17:9- 13; 18:6-7; 21:5; 24:8).

O plano de Deus era simples, mas perfeito. Os anciãos de cada cidade governariam o povo segundo as leis de Deus dadas mediante os sacerdotes. Por sua vez, o povo e seus líderes seriam responsáveis por si mesmos diante de Deus, o verdadeiro e santo Rei. Dessa maneira, o Senhor seria o Deus deles e eles seu povo especial.

Deus governa seu povo diretamente mediante os líderes escolhidos por ele.

Israel rejeita a teocracia

Israel não permaneceu dentro do plano de Deus. No livro dos juízes, lemos que o povo constantemente se afundava no pecado. Por quê? Será que o plano de Deus não funcionava? Sim, contudo, o maior problema eram os líderes. Os sacerdotes se tornaram indignos de seu chamado e os anciãos faziam sua própria vontade. Em 1 Samuel 8:1-3, cita-se um exemplo disto. Finalmente, os anciãos do povo decidiram que a solução para seus problemas seria estabelecer um rei sobre eles como faziam as outras nações (1 Samuel 8). Mas como eles estavam errados! Deus disse ao sacerdote Samuel: “pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim me têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles” (1 Samuel 8:7).

Deus não abandonou seu povo por este erro, mas, em breve, o sistema político dos reis complicaria muito a direção de Deus sobre seu povo. Deus, segundo seu plano inicial, continuou a falar com seu povo por meio dos sacerdotes e dos profetas. No entanto, a autoridade tinha mudado porquanto o rei, a rainha, seus governadores e seus capitães apropriaram-se do governo de Israel. Se o rei e seus príncipes dessem ouvidos aos sacerdotes e profetas, o povo também o faria. Mas se os líderes os rejeitassem consequentemente o povo também. O mandamento do rei valia mais que o mandamento de Deus. Veja alguns exemplos de como os reis influenciavam os sacerdotes e profetas de Deus: 1 Samuel 22:11-19; 2 Reis 16:10-16; 2 Crônicas 24:20-21; 1 Reis 12:31; Jeremias 38:1-6.

A teocracia do Novo Testamento

No Novo Testamento, vemos basicamente o mesmo plano simples de Deus para governar seu povo. Deus governa pessoalmente sua igreja. Jesus mesmo é a cabeça e o Senhor dela (Efésios 1:22). Ele mora no coração dos crentes por meio de seu Espírito Santo (João 14:16-17; Efésios 2:20 22). No coração e na mente de cada crente, o Espírito escreve as leis de Deus (Hebreus 8:10). Estas leis também estão escritas no Novo Testamento. Só se as obedecermos podemos permanecer no amor de Jesus (João 15:10).

O Novo Testamento também nos ensina que Deus governa sua igreja por meio de anciãos e líderes fiéis. Em cada igreja, eles são escolhidos entre os irmãos fiéis e maduros (Atos 14:23; Tito 1:5; 2 Timóteo 2:2). Em todo o Novo Testamento, não encontramos nenhum homem nem instituição com a responsabilidade dos seus pastores. Por isso, o povo de Deus comete um grande erro ao estabelecer uma organização em que um só homem ou diretoria governe sobre seus pastores de suas congregações. É um risco muito grande institucionalizar a igreja de tal maneira que a voz do Espírito Santo não se obedeça, rejeitando, assim, os homens chamados pelo Senhor e impedindo o reinado de Deus sobre sua igreja. Os pastores são os responsáveis em dar a direção a qualquer organização ou programada igreja. São eles, e não uma diretoria, os responsáveis em guardar a doutrina, a disciplina e a saúde espiritual de suas igrejas. Encontramos alguns exemplos disto em Apocalipse 2 e 3. As cartas enviadas a cada uma das sete igrejas na Ásia, são direcionadas ao anjo (líder) da igreja. Se os líderes ou anciãos forem infiéis, há um grande perigo de a igreja fracassar.

O cargo de pastor compromete-o a colaborar com Deus (1 Coríntios 3:9), a guiar as ovelhas como um verdadeiro pastor. Ele está comprometido a ser um administrador fiel (1 Coríntios 4:2).

A Bíblia diz: “Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos” (Atos 20:28) “como aqueles que hão de dar conta...” (Hebreus 13:17). Leia também 1 Pedro 5:1-4.

Como é maravilhoso o quadro da teocracia. Desta maneira, Deus pode governar cada igreja mediante seu Espírito e seus líderes fiéis. Na mente de Deus, não há outra opção.

Mas por que nos desviamos tão facilmente da teocracia? Em minha opinião, acontece o mesmo problema do povo de Israel. A igreja considera mais fácil seguir os métodos do governo do mundo do que o plano de Deus. É mais fácil administrar um grupo de igrejas, procurar sua unidade e controlar sua doutrina através de organizações humanas. Para um pastor é mais fácil prestar contas a superintendentes, presidentes, e corpos administrativos do que a Jesus. Parece mais estável e mais forte. Porém, como podemos situar os pastores neste organograma? Geralmente, ocupam um lugar secundário na administração da igreja. Por esse motivo, não podem se dedicar totalmente a esse ministério santo e único de guiar o rebanho de Deus. Sua voz é facilmente desatendida. Alguns pastores não pregam o que eles sabem ser a verdade, porque perderiam seu cargo. Outros procuram guiar suas igrejas mais biblicamente, e logo são transferidos para outro local. Lamentavelmente, Deus perde a primazia em sua igreja como aconteceu com Israel. Os mandamentos e as advertências da Palavra de Deus, os quais devem chegar à igreja através dos pastores, são deturpados e se diluem ao passar pelo critério de certos dirigentes que Deus não tinha escolhido nem chamado. Em caso de os dirigentes de um concílio aprovarem o que Deus fala por meio de seus pastores, a igreja pode obedecer. Se eles não o aprovarem, a igreja não considerará a necessidade de lhes obedecer. Muitas vezes a autoridade e a direção da Palavra chegam adulteradas aos ouvidos e ao coração dos crentes.

Voltemo-nos para a Bíblia para estabelecer igrejas segundo a vontade de Deus. O nosso sucesso e a bênção de Deus sobre nossa obra dependem de nossa obediência à sua Palavra.

 

Detalhes
Idioma
Portuguese
Autor
Pablo Schrock
Editora
Editora Monte Sião
Temas

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