A alegria da submissão

Berenice passou a manhã toda de mau humor. Ela possuía tudo o que uma jovem esposa poderia desejar. Tinha uma casa humilde, mas confortável. Além disso, Javier era um bom marido cristão, a quem ela amava. Mas naquela manhã seu coração estava cheio de amargura e ressentimento. Por que Javier acreditava que tinha o direito de mandar nela?

Na noite anterior, quando se preparavam para ir ao culto, ele lhe tinha pedido para colocar um botão na camisa. É verdade, ele pediu o favor educadamente, mas, naquela hora, por que ele não podia vestir uma camisa que tivesse todos os botões? Berenice sabia que faltava um botão naquela camisa, mas tinha-se esquecido de colocá-lo. E, naquela manhã, ele lhe tinha pedido para passar as calças. Por que ele não usou uma que já estava passada?

A consciência de Berenice estava um pouco incomodada, pois sabia que tinha negligenciado suas obrigações. No entanto, ela não gostava que seu marido lhe dissesse o que fazer.

Depois de terminar os trabalhos domésticos, ela pensou em ir visitar Maria. Berenice amava sua amiga. Embora o marido dela não fosse crente, Maria estava sempre alegre e animada.

Quando se aproximou da casa de Maria, Berenice pensou: Ainda bem que eu não tenho de viver num lugar como este. As galinhas estão por todo o quintal, e aqueles porcos cheiram mal. Estou contente por Javier se preocupar com a limpeza da casa.

Maria, alegre como sempre, saiu pela porta para receber a amiga.

— Entra, Berenice! Estou tão contente por você ter vindo a minha casa! Sente-se. — Logo ela foi à cozinha e voltou com uma xícara na mão. — Sirva-se de uma empada de abacaxi e uma xícara de café. Coma calmamente enquanto eu termino de lavar a roupa. Já estou um pouco atrasada. As crianças e eu tivemos de ordenhar as vacas. Uma das porcas pariu, e João teve de ajudá-la.

Berenice pegou uma empada e a xícara de café enquanto observava como a casa estava arrumada. Maria tinha ordenhado as vacas, preparado o café da manhã e aprontado as crianças para a escola; depois fez as empadas deliciosas e agora estava terminando de lavar a roupa. Esta mulher é eficiente, pensou.

Naquele momento, João entrou pela porta.

— Maria — ordenou-lhe ele —, dê de beber aos bezerros ao meio-dia. Tenho de ir à cidade, e só volto à tarde.

— Tá bem! — respondeu Maria com um tom alegre —. Devo começar a ordenhar à tarde com as crianças, ou você vai voltar a tempo?

— É melhor vocês começarem. Você deixou prontos os ovos que quero levar para a cidade?

— Sim, eles estão prontos — disse Maria, enquanto saía apressada para buscá-los.

Quando voltou com as quatro cartelas de ovos, João lhe disse:

— Vejo que você fez muitas empadas. Coloque algumas numa caixa. Eu vou vendê-las. Precisamos de todo o dinheiro que pudermos arranjar.

Rapidamente, Maria enrolou uma toalha em torno de todas as deliciosas empadas, colocou-as numa caixa e as entregou a João.

— Cubra bem os porquinhos — lembrou-lhe João ao sair de casa, deixando pegadas lamacentas no chão limpo.

— Maria — perguntou Berenice depois de João ter ido embora —, seu marido sempre a trata assim?

Ao ver que o rosto de Maria demonstrava vergonha, Berenice continuou:

— Não me parece correto que o homem seja tão mandão com a esposa. Sei que ele deve ser o cabeça do lar, mas eu não suporto quando se aproveita da mulher e manda nela dessa forma.

Maria olhou para Berenice com amor e disse:

— Berenice, para mim a questão principal não é se o marido manda em nós ou não. É se nós estamos dispostas a nos submetermos ou não.

— Mas eu acho que ele não tem consideração — respondeu Berenice.

— Vamos ver o que a Bíblia diz sobre isso — sugeriu Maria. Ela pegou a Bíblia e, no coração, pediu sabedoria a Deus. Ela pôde discernir que aquela jovem esposa não entendia a submissão.

— Aqui, Berenice — disse Maria, entregando-lhe a Bíblia. — Você procura as citações. Leia-as em voz alta enquanto eu faço mais empadas para as crianças amanhã. Procure em Efésios 5, versículos 22 a 24.

Berenice leu devagar:

— ‘Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos.’

— O que você acha desta passagem?

— Bem, o marido que ama a esposa não está sempre mandando nela, certo?

— Mas, Berenice, vejamos o que a Palavra de Deus diz sobre o dever da esposa — respondeu Maria.

Ela limpou as mãos no avental e sentou-se ao lado de Berenice. E mostrou-lhe a ordem que Deus estabeleceu para o lar. Deus é a cabeça de todos, depois Cristo, depois o homem, e, sob a sua liderança, a mulher. Explicou-lhe como a esposa deve se submeter e obedecer ao marido em tudo, enquanto não for algo contrário à Palavra de Deus.1

— A amargura da submissão desaparece se nos submetemos como a Cristo — continuou Maria. — Mesmo que o marido não tenha consideração, a esposa não deve deixar de ser submissa. É necessário obedecer e se submeter, a não ser que ele peça algo indevido. Em tal caso, temos de obedecer a Deus antes que aos homens. Se amamos a Deus e a nosso marido, encontraremos alegria na submissão.

Berenice começou a limpar as lágrimas. Reconheceu quão ingrata estava sendo com seu marido cristão. Nunca havia pensado nas dificuldades que Maria passava, sua alegre vizinha, com o marido que não era crente.

Naquela noite, quando Javier voltou do trabalho, Berenice lhe pediu perdão por sua atitude rebelde de manhã. Ele a perdoou com prazer e lhe disse que sentia necessidade de melhorar seu papel como marido fiel e amoroso.

~ Marta de Yoder

1. Veja também 1 Coríntios 11:1–3; 1 Pedro 3:1–6.

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Marta de Yoder
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Editora Monte Sião
Sijè

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